segunda-feira, outubro 17, 2016

Propaganda do Kremlin não olha a meios para assustar leigos


A propaganda de Vladimir Putin dirigida aos estrangeiros deve pensar que são todos completamente ignorantes. Não perde qualquer oportunidade para levar a "água ao seu moinho", principalmente com a ajuda de "especialistas estrangeiros". Desta vez foi buscar um francês para nos fazer crer que a Rússia venceria os Estados Unidos numa guerra nuclear, quando qualquer pessoa minimamente informada sabe que não haverá vencedores, nem vencidos num tipo de guerra desse. O órgão de propaganda em português:“Sputnik” (https://br.sputniknews.com/defesa/20150417790401/) escreve que “o editor do portal francês Europesolidaire, Jean-Paul Baquiast, afirmou que uma potencial guerra nuclear entre EUA e a Rússia teria consequências fatais para os norte-americanos, cujo território, segundo ele, seria completamente destruído em caso de uma troca de mísseis”.

Os propagandistas do Kremlin estão com falta de originalidade nas suas tentativas de amedrontar o mundo ou, na realidade, julgam que somos todos atrasados mentais. Podiam aprender com a propaganda soviética que partia do princípio que uma guerra nuclear seria a última. A destruição total do Planeta Terra estará dezenas de vezes garantida.

Será que os dirigentes russos, que têm muitos dos seus filhos e familiares a viverem à grande e à francesa no Ocidente, que têm fortunas nos países ocidentais, querem destruir tudo isso? E, mesmo que sobrevivam nos subterrâneos construídos na era soviética, onde irão buscar os caros vinhos franceses, da Madeira ou do Porto, o patê de fígado de pato ou os maravilhosos queijos europeus?

A não ser que Putin evolua na mesma direcção que o actual dirigente norte-coreano e mesmo assim!..

Compreendo que Putin queira mostrar aos seus concidadãos e ao mundo que o seu país é uma superpotência, mas da pior forma. Seria melhor publicar artigos sobre os êxitos da ciência e da cultura russas dos últimos anos, ou sobre o que realmente foi feito em prol da modernização da Rússia. Por exemplo, porque é que nenhum cientista russo ganhou prémios Nobel no campo das ciências este ano? No ano passado, ganharam, mas vivem algures no Ocidente.

Por isso, surpreendem-me algumas análises sobre a "evolução vertiginosa" dos BRICS e a Cimeira de Goa. Torna-se cada vez mais evidente que essa organização não passa de uma forma da China conseguir alcançar os seus objectivos hegemónicos no mundo na Ásia e no mundo. Exceptuando a China e a Índia, em que estado se encontram países como o Brasil, Rússia e África do Sul? Atravessam pesadas crises económicas, sociais ou políticas.

Considero que o mundo abandona a unilateralidade norte-americana e o enfraquecimento da Europa é cada vez mais evidente, mas não tenho a certeza de que isso possa conduzir a um mundo multipolar. Muito provavelmente, voltaremos ao bipolarismo, em que Pequim e Washington serão os dois polos. Os presentes e futuros membros dos BRICS não passarão de muleta da China nesta disputa.

Se Putin continuar a sua política actual na Rússia, ele não só pode deixar de sonhar com a hegemonia mundial, mas também conseguir a perda da hegemonia regional. A China afirma-se cada vez mais na Ásia Central, tradicional zona de influência russa, Moscovo não tem meios tecnológicos, económicos e financeiros para manter militarmente o Presidente sírio Assad no poder, para conseguir vergar a Ucrânia pela força das armas, para realizar as promessas de reabertura de bases militares em Cuba e noutros países. Como se costuma dizer em português, aqui há "muita garganta".

Neste sentido, é ridículo falar em parceria em pé de igualdade entre Moscovo e Pequim e, dentro em breve, entre a Rússia e a Índia. Moscovo está a ser utilizado como um instrumento da luta pela hegemonia mundial e é cada vez menos um jogador influente no tabuleiro mundial.
P.S. Quanto  às declarações de Lavrov: http://www.dn.pt/mundo/interior/o-momento-em-o-mne-russo-faz-veterana-jornalista-perder-o-controlo-5438951.html, apenas repete o calão do dono. Esse ministro torna-se cada vez mais semelhante a Molotov em relação a Moscovo. Putin começou a utilizar cada vez mais calão e os servos seguem-lhe o exemplo.

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